abril 15, 2017
CAPITULO 1 - PARTE I
abril 15, 2017Evangelho segundo João, capítulo 1, versículos 9. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos ...
Evangelho segundo João, capítulo 1, versículos 9. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça.
É no
mínimo intrigante, a primeira coisa que vem a mente quando se trata da temática
que estou prestes a desenvolver ser uma passagem cristã, levando em
consideração que costumo não considerar-me uma pessoa religiosa. Apesar de
compartilhar de muitos dos valores cristãos penso-me como um individuo cético
em relação à fé, não por ser descrente, mas por acreditar na humanidade, por
acreditar nas pessoas, que elas possam fazer o bem e o que é justo uns para com
os outros por que é o certo a se fazer e não por que existe uma recompensa no
fim da vida ou um castigo.
É
impossível ver-me como um modelo a ser seguido, em nenhuma das esferas da minha
vida é possível ter esta perspectiva sobre mim. Com certeza eu não sou o melhor
aluno da minha classe, também não sou o melhor funcionário no meu emprego, não
sou o melhor amigo de nenhuma pessoa que eu conheço, não fui o melhor parceiro
para nenhuma das pessoas que me relacionei e também não sou o melhor filho para
meus pais.
Enquanto
os estereótipos que pairam sobre mim, em nenhum deles eu sou um modelo. Eu não
sou o que se espera de um homem, socialmente acredita-se que ser homem é ser
forte, fazer coisas de homem como jogar bola e soltar papagaio e principalmente
se relacionar com mulheres, ou com uma mulher, no meu caso eu não faço nenhuma
dessas coisas. Eu também não sou o
modelo perfeito de gay, espera-se socialmente que gays se encaixem dentro de
alguma das castras da subcultura gbtq+ e eu não sou muito alto, nem muito
baixo, eu não sou muito bonito, nem muito feio, eu não sou muito afeminado, mas
não sou discreto, não sou muito magro, nem muito gordo, eu sou escuro demais
para ser branco e claro demais para ser negro. E no fim, é muito difícil saber
quem você é em uma sociedade que define você através de um seríe de
características e te coloca em posições em decorrência das mesmas. E fica mais
difícil se encaixar quando essas características não estão bem definidas.
Mais
complicado ainda é quando a criação que você teve não definiu os valores que
você deveria ter e acabou a tendo que aprender através da experiência. A
experiência é um modo muito eficaz de aprendizagem, inclusive é a forma mais
eficaz para isso, quando o individuo interage com o ambiente e cria esquemas
para determinada função, na intenção de adaptar-se ao meio. Apesar de eficaz
esse método pode ser extramente doloroso dependo do ambiente em que este
sujeito esteja se desenvolvendo.
Mas
sabe o que foi mais difícil? Quando meu corpo deveria criar certas proteínas e
ele não criou, quando o meu cérebro deveria agir de uma maneira e não ágio,
quando meus hormônios deveriam ter determinada função e não tiveram. Sem duvida
o meu material biológico não é padrão para o resto da humanidade. Seria ele
defeituoso? Por que é tão comum eu ter que redefinir-me, por que sempre sou eu
que tenho que me encaixar?
Você provavelmente
deve estar pensando que meus questionamentos são infundados e que eu estou
muito bem do jeito que eu estou que existem pessoas em situações piores e eu
deveria agradecer por ser quem eu sou. Este material, além de ter a função que
tem, que mais a frente será exposto, se propõe a mostrar o meu lado da
historia, aconselha-se usar aquele pouco de empatia que você nunca usa. Dei-me
o privilégio